sábado, 27 de abril de 2019

Drama na família e conversas em particular: Augusto destrincha a volta por cima.

Nenhum jogador do atual elenco do Santa Cruz conviveu com tantas críticas como Augusto. Afinal, ninguém está há mais tempo que ele no clube - o atacante vive a terceira temporada. Contratado em 2017 com um vínculo de três anos com o Tricolor, ele foi massacrado várias vezes pela torcida. Vaiado, xingado. Mas agora vive outro momento. Na vitória de 2 a 0 sobre o Fluminense, pela quarta fase da Copa do Brasil, saiu aplaudido. E pelo terceiro jogo seguido no Arruda. É outra realidade. E a volta por cima foi dada dentro e fora de campo.
Drama pessoal
Augusto ilustrou o momento de superação com um episódio que o fez reunir forças fora de campo. A mãe do atacante passou mal, foi hospitalizada e nos primeiros exames, havia a suspeita de uma elevação de CA-125 (marcador tumoral) nos ovários. Podia ser câncer. E ele soube tudo um dia antes de viajar para mais um jogo com o Santa Cruz.
- Na minha vida, sempre cresci muito nos momentos de dificuldades. Eu vinha sendo criticado, mas procurando evoluir. Como eu disse: na minha vida tive momentos difíceis, inclusive esse ano. Ninguém soube, é a primeira vez que vou falar sobre esse assunto. Um dia antes da viagem para o jogo contra o Ceará (derrota de 2 a 1 na Copa do Nordeste), minha mãe passou mal, foi para o hospital e o médico constatou que ela tinha um tumor no ovário. E ele tinha de tirar esse tumor junto com o ovário. Ia ser feito uma biópsia e tudo indicava que ela estava com CA. E foi muito difícil para mim.
Augusto não contou a ninguém. Guardou a dor com ele e procurou superar. Poucos dias depois, o alívio.
- Logicamente não falei nada para ninguém, guardei para mim. Fui para lá (Ceará), joguei e tirei desse episódio uma força a mais para que eu pudesse lutar pela minha família, por ela, pelo meu filho. E aí eu fiquei um pouco abatido, sem saber... mas com 15 ou 20 dias depois, veio a notícia de que não era CA. Era uma tuberculose. Ela está melhor, se tratando com remédios e é isso. Depois desse baque que eu sofri, eu procurei levar isso como incentivo e acho que foi um fator importante para que eu desse a volta por cima.
Conversas particulares com Leston Júnior
Houve uma tentativa de resgate do futebol do jogador assim que Leston Júnior chegou. O treinador arregaçou as mangas e sempre esteve disposto a trabalhar pelo jogador fora de campo, recuperando a confiança do atleta. Na pré-temporada, Augusto foi titular. Começou o ano como titular. Mas, mais uma vez, caiu de produção.
- Leston é um treinador inteligente. Assim que ele chegou, me chamou na sala dele e conversou comigo. Falou sobre meus pontos fortes, no que eu precisava melhorar e disse que ia me ajudar a dar a volta por cima. No início ali não deu muito certo, aí ele me chamou novamente, a gente conversou e acertamos que era o momento de eu sair um pouco de cena. E retornar mais à frente. Deu certo e a gente conseguiu reverter isso. Quero fazer boas partidas e gols, que é o que está faltando.
É sob o comando do atual treinador que ele atravessa sua melhor fase. Augusto não titubeou em falar da qualidade que enxerga no comandante do Santa.
- Se ele é o melhor que eu peguei aqui? É um dos melhores. O trabalho é bem feito e vocês podem analisar os resultados, o desempenho, não precisa eu estar falando. Mas, sem dúvida, ele é um dos melhores que eu tive aqui no Santa.
Negociação frustrada
Em fevereiro, Augusto quase deixou o Santa Cruz. Tinha em mãos uma proposta do Botafogo-SP e chegou a ficar fora da lista de relacionados da derrota de 3 a 0 para o Vitória-PE. Mas as negociações, que estavam avançadas, não foram consolidadas. Ali, ele estava disposto a sair.
- Naquele momento, sim. Eu vinha sendo criticado, não vinha com boas atuações e quando veio a proposta, eu sentei com meu empresário e a gente optou por sair para tentar mudar de ares para minha autoestima levantar, o meu futebol melhorar... mas não aconteceu e as coisas aqui mudaram muito rápido. Futebol é assim, tudo muito rápido. Hoje você está em baixo e amanhã, em cima. O que não pode é deixar de trabalhar, acreditar e sonhar.
Melhor momento?
Na visão do atacante, este é seu melhor momento no Santa. Inclusive, para ele, o nível de desempenho já é melhor do que na época do Campinense - em 2017, ele chamou a atenção não só do Santa, mas do Sport e do Náutico.
- Sim, sem dúvida. A sequência e a confiança, que voltou. Eu fiz um trabalho específico de fortalecimento muscular e não tenho mais lesões como no ano passado. Acho que isso influenciou para esse momento que estou vivendo. Acredito que eu já voltei a ser aquele Augusto. Acho que estou com atuações melhores que as de lá. Consegui voltar a ser o Augusto do Campinense e agora eu tenho que manter isso, treinar forte para manter esse desempenho até o final da competição.
Por Daniel Gomes — Recife

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