sexta-feira, 14 de abril de 2017

Kuki e Marco Antônio relembram título de 2004 e tentam passar inspiração ao Náutico.

Quando um time busca um título e está há algum tempo sem ser campeão, é comum buscar inspiração no passado. Algo que contagie o elenco como um todo. É assim no Náutico. Esse papel que, ao longo período de longo jejum atual de taças, esteve restrito ao assistente técnico Kuki. Mas o cenário mudou em 2016 com a chegada de Marco Antônio. Parceiro de Kuki na última conquista do Náutico, em 2004 os dois nutrem a esperança de ver o fim da seca de títulos alvirrubros em 2017.
As lembranças do passado e a confiança no presente vieram à tona numa conversa com o Superesportes no Memorial Alvirrubro, nos Aflitos. Kuki e Marco Antônio relembraram os passos da temporada 2004. O meia, na época, chegava como uma aposta, Kuki já era ídolo, com dois títulos pelo Alvirrubro. Os dois juntamente com atletas como Nilson, Batata e Gil Baiano, formaram um time que jogava por música, segundo o camisa 11.
“Fizemos um primeiro turno (no Campeonato Pernambucano) que muita gente contestava. Falavam que o time era muito velho. Mas fomos indo e nos ajustando. Chegou o Marco Antônio, que tinha qualidade e era um dos mais jovens. Com o passar dos dias, aquele time foi jogando por música. Sem dúvida, foi um dos melhores da década do clube”, elogiou Kuki.
Para Marco, a chegada foi ainda mais marcante. Era a sua primeira experiência no futebol longe de casa. “Lembro exatamente de tudo. Não sei se foi porque foi a minha primeira saída de São Paulo... Eu fui muito bem recebido aqui. Esses caras me trataram de uma maneira que jamais vou esquecer. Procuro levar para a minha vida. Eu lembro de cada detalhe e voltar aqui aos Aflitos é uma sensação maravilhosa. São lembranças vivas. Não tinha a dimensão da emoção que voltar aqui traria”, comentou o meia Marco Antônio.
CASO VALENÇA
O Náutico foi quase perfeito na competição e por pouco não foi campeão de forma antecipada. Isso aconteceria caso o Santa Cruz fosse punido pelo STJD pela escalação irregular de Valença. Na ocasião, o zagueiro jogou na partida seguinte após ser expulso em uma partida ainda do primeiro turno. Caso tivesse sido punido, o Timbu teria ganho os dois turnos e não haveria necessidade de final. Algo que incomoda o atacante Kuki até hoje.
“Fiquei bastante revoltado com o que aconteceu no caso Valença. Ganhamos os dois turnos e tivemos que jogar uma final. Por mim, não tinha entrado em campo”, relembrou o artilheiro, que teve que ser convencido pelos companheiros na semana da finalíssima. “Eu lembro que Kuki estava revoltado, que não queria entrar. Nosso time com o Kuki era um. Sem ele, era outro. Batata e Lima foram falar com ele para jogar. Eu entendia o sentimento dele”, contou Marco Antônio.
CARONA PARA OS AFLITOS
Situação contornada com o atacante, os alvirrubros sofreriam um imprevisto inusitado no dia da final. Antes da primeira partida, o ônibus do Timbu quebrou no trajeto até o Eládio de Barros Carvalho. Os jogadores chegaram no estádio atrasados. Tiveram que ir de táxi ou de carona. Situação lembrada, hoje, com muitas risadas pela dupla.
“Foi hilária a nossa ida de carona para o primeiro jogo. O ônibus quebrou a 300, 400 metros (do estádio), e o Zé Teodoro falou para pegarmos caronas. Qualquer carro que passasse com bandeira do Náutico era para entrarmos e irmos embora. Entrei em um Uno com o Vital (lateral-esquerdo) e já tinham quatro pessoas. Tinha um casal de surdo-mudos e a menina sentou no colo do cara. Ainda passamos para buscar o sobrinho do motorista.
Chegamos nos Aflitos com sete pessoas. São lembranças assim que hoje trazem uma alegria de termos chegado na final daquele campeonato e sermos campeões”, contou Marco Antônio, aos risos.
A tarde que começou de forma atrapalhada terminou mal para o Timbu. O Santa Cruz venceu por 1 a 0. Algo que criou um clima de já ganhou do lado tricolor, mas que não abalou os alvirrubros. “Iranildo fez o gol da vitória do Santa Cruz, mas sabíamos que tínhamos totais condições de reverter a vantagem no Arruda”, comentou Kuki.
A VIRADA
A confiança do lado alvirrubro ganhou um impulso a mais momentos antes da partida. Após o aquecimento, Robertinho, auxiliar de Zé Teodoro e que já faleceu, elevou o brio dos jogadores. “Eu não lembrava o local exato, mas Kuki me lembrou, na última vez que fomos no Arruda, onde o Robertinho fez uma palestra depois do aquecimento. A gente queria que acabasse logo a oração porque ele injetou uma adrenalina no time que queríamos logo jogar. É difícil passar para a frente, porque foi de momento. Ele foi em cada jogador e mostrou como aquilo era importante para o clube, familiares. A gente pisou em campo sabendo que seria campeão”, contou o camisa 10.
O Náutico foi campeão ao vencer o Santa Cruz por 3 a 0 em uma partida que os alvirrubros foram implacáveis. A vantagem coral obtida na primeira partida foi dizimada em menos de três minutos, através de gols de Batata e Jorge Henrique. Kuki, que deixou a marca dele em pelo menos uma das partidas das finais de 2001 e 2002, repetiu o feito em 2004 e fechou a fatura. Três títulos em quatro anos e o sentimento de que o Náutico trilharia um caminho de muitas vitórias.
HOJE
Lembrar daquele ano é bom para o ego alvirrubro, para esquecer as decepções vivdas desde àquela temporada e para encontrar uma motivação a mais para as semfinais que se iniciam no próximo domingo. Porém, o Timbu tem que passar pelo Sport para chegar até a final deste ano e o desafio é imenso. Nada impossível, na opinião de Marco Antônio.
“É inegável que o Sport é um grande time e está em outro patamar. Mas em 90 minutos não é isso que faz ganhar um jogo ou merecer um título. O favoritismo é do Sport, mas isso não quer dizer que não possamos ir na casa deles, como em 2004, e ganhar. Temos que trazer essas coisas boas. Temos nos concentrar para fazer um grande jogo e termos a chance de em 2017 trazer um título para cá”, falou com confiança.
Kuki preferiu utilizar a voz da experiência e de quem vem sofrendo há um bom tempo com a falta de títulos do Náutico. Relembrar as glórias é bom, mas não se pode prender a isso. “Acho que todos os jogadores já passaram por decisões e aprendi que você não deve ser tão saudosista. Às vezes se coloca uma carga muito grande nesses jogadores que chegam ao clube e eles não estavam aqui nesse período”.

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