quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Gols, Aflitos e personalidade forte: a idolatria por Kieza em números.


"Estava com muita saudade. Sou torcedor do Náutico declarado".

As primeiras palavras de Kieza no retorno ao Náutico deixam claro que a relação do atacante com o Timbu é diferente. Mesmo acumulando números ruins nas últimas temporadas, a torcida o aguardou com ansiedade. As imagens da recepção ao jogador no aeroporto são provas. Mas por que um atacante que só fez dois gols no ano passado é tão querido no Recife?

Gols

Esse é o ponto de partida para explicar a ânsia da torcida para contar com Kieza, que assinou contrato de dois anos com o Náutico - até o final de 2021 - e o clube teve que usar uma engenharia financeira, contando com a ajuda de um patrocinador, para trazê-lo. No Timbu, o "K9" teve a melhor média de gols de toda a carreira como profissional.

Somando as duas passagens, Kieza balançou as redes 43 vezes em 70 jogos, uma média de 0,61 gol por jogo. Feito que não conseguiu em qualquer outro clube que defendeu.

Ele chegou ao Náutico em 2011 quando ainda tinha vínculo com o Cruzeiro - estava emprestado pela Raposa à Ponte Preta, onde só tinha marcado um gol em sete jogos. Naquele ano, arrebentou: foram 27 gols em 47 partidas. Ao final da temporada, o Timbu subiu para a Série A.

Kieza saiu no fim de 2011 com destino ao Al-Shabab, dos Emirados Árabes, mas voltou em 2012 fazendo juras de amor ao Timbu. E, mais uma vez, foi bem. Na Série A, foi o artilheiro da equipe com 13 gols até ser negociado com o Shanghai Shenxin, da China.

- Os números de Kieza no Náutico são ótimos e isso explica com muita clareza essa idolatria da torcida alvirrubra. Ele tem uma média elevadíssima de gols no clube, foram 43 em 70 jogos; na Série A de 2012, participou de apenas 20 partidas e marcou 13 vezes, terminando bem posicionado na tabela de artilharia do campeonato; foi responsável direto pelo acesso do time em 2011, não só pelo número de gols marcados, mas sobretudo pela importância desses gols, em partidas difíceis ele sempre aparecia e descomplicava - explica o comentarista da TV Globo, Cabral Neto.

"Ao torcedor pouco importa se ele teve passagens apagadas por outros clubes, o que Kieza construiu no Náutico ficou marcado na memória e a reação do torcedor por sua volta é absolutamente natural", acrescenta Cabral Neto.

Aflitos

Há um outro fator que contribui na memória afetiva do torcedor: o estádio dos Aflitos. Kieza foi o último goleador a se destacar no Eládio de Barros Carvalho. Na Série A de 2013, o time já mandava jogos na então recém-construída Arena de Pernambuco.

Voltar ao estádio dos Aflitos sempre foi um desejo da maioria dos torcedores do Náutico e a restauração da velha casa é um dos principais trunfos da gestão do presidente Edno Melo. Além de Kieza ter sido um goleador nato enquanto esteve no Náutico, o fato do torcedor ter a lembrança viva dos gols no estádio dos Aflitos remete a um período de glórias do clube - reforçado em 2019 quando, nos Aflitos, o time conseguiu o acesso à Série B.

"Quando o Náutico saiu dos Aflitos para ir para a Arena, eu cheguei a falar que não era uma boa ideia. Fiquei muito feliz com a notícia da volta. Em 2011 e 2012 ficamos quase dois anos sem perder para ninguém lá dentro. É uma marca histórica que os times adversários vem jogar aqui e sabem que é muito difícil ganhar", disse Kieza em entrevista ao site oficial do clube.

Polêmicas

Além de ter sido goleador e se destacado em competições importantes para o Náutico, Kieza carrega um estilo provocador, que agrada muito ao torcedor do Náutico e incomoda os rivais. O principal alvo do jogador sempre foi o Sport.

Como a imagem acima mostra, Kieza sempre gostou de comemorar provocando o rival em momentos de conquistas do Náutico. Por esse motivo, também se envolveu em algumas polêmicas. Um exemplo foi quando, ao lado do meia Eduardo Ramos, queimou um boné da uniformizada do Sport na comemoração do acesso à Série A em 2011.

Por Daniel Gomes — Recife

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